28.10.07
pele preta, olhos azuis
em uma tarde qualquer do século vinte e um, ela disse viver com medo de assaltos e que hoje é mais difícil de se reconhecer um ladrão:
– porque antes, geralmente, eles eram negros!
ela também analisou a violência urbana e intuiu que a causa, em são paulo, é o crescimento das favelas provocado pelas pessoas pobres que vêm tentar a vida. logo, a solução seria impedir essas pessoas de virem para cá:
– talvez com alguma lei que limitasse a entrada na cidade!
mas ela estava muito feliz porque sua sobrinha foi escolhida entre mil e trezentas crianças para fazer um comercial de hambúrgueres e ela tem olhos azuis lindos:
- lin-dos!
21.10.07
a metrópole veloz
hoje pela manhã o céu estava claro e luminoso em são paulo. da minha janela, vi pessoas incrivelmente contentes – afinal, estamos na primavera. contagiado pelos sorrisos e pensando nas flores que brotariam pela cidade, saí para a rua incrivelmente contente. durante a manhã, a temperatura subiu e por volta do meio-dia chegamos aos trinta e um graus. é um belo verão, que mal há nisso? logo após o almoço, o céu ficou parcialmente nublado e ganhou várias tonalidades de azul: chegara o outono. mas a metrópole é rápida, urgente, veloz e o tempo fechou em seguida: uma chuva amazônica, seguida por vendaval, desabou sobre a cidade, inundando ruas e avenidas, para alegria dos programas de tragédias da tv. no começo da noite, voltei para casa e os termômetros marcavam doze graus, culpa de uma frente fria argentina. previsão para esta madrugada: a mais baixa temperatura do ano.
mas pela manhã o inverno já terá ido embora e a primavera, novamente, baterá às nossas portas.
15.10.07
mais um, menos um
cada vez que o relógio marca mais um, mais um, mais um, ele está lhe dizendo: menos um, menos um, menos um.
percepção de mário peixoto sobre a passagem do tempo.
acima, cena de "limite", filme único do cineasta, final dos anos 20/início dos 30.
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trilha: "tanto tempo", de suba e bebel gilberto, com ela.
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