9.2.08
prego na areia
firme e forte como um prego na areia. foi o que ele me respondeu quando perguntei se estava tudo bem.
olhei pela janela, a imensidão de areia branca, o sol a pino, o mar distante e alguns pregos enterrados – alguns, até o pescoço. ventava muito, mas eles continuavam lá.
uma freada brusca transformou a areia em asfalto sem sol nem mar nem vendaval. só os pregos ainda existiam e agora caminhavam. cruzavam arcos. desciam escadarias. trocavam beijos. um deles até cantava animadamente - como só um prego saberia cantar.
voltei-me a ele e repeti a pergunta. e para aplacar minha insistência, ele respondeu firme e forte: tudo bem.
e afastou-se, com os pés afundados.
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4 comentários:
Tem ponto de vista que só um prego consegue ter... Precisaria apresentar um deles à cantora-que-não-cantava de ontem.
Gostei deste texto cabeçudo e tb gostei muito do que fala do gato e do inseto, que eu não tinha visto. A foto aérea dos guarda-chuvas, seu poema visual, quase prescinde das palavras. Bjos, 'keep writing', Cátia
Pés afundados no seu texto, também, Dênio, que está ótimo... Tô conferindo toda semana.
Beijos,
cátia, não tinha pensado nos guarda-chuvas como um poema visual, mas que bom que sua leitura foi essa! e quanto ao texto "cabeçudo", às vezes, alguns são mais do que outros... mas sempre tem um gato e um inseto pra compensar...
bjs.
dóris, seja bem-vinda! que bom que vc gostou do (micro) conto. volte sempre!
bjs.
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