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um brinde a cazuza, que faria 50 anos neste 4 de abril de 2008.
cazuza foi um dos grandes ídolos da geração que tinha seus 20 e poucos nos célebres anos 80. reuniu rock, blues, música brasileira, paixão, tristeza, humor, fossa e bossa. o poeta foi fundo no que escreveu, cantou, berrou, amou e sofreu. por isso permanece vivo.
estranho país musical este nosso que perde muito cedo gente fundamental para sua música. foi assim com ele, com renato russo, com chico science e com cássia eller – que gravou todos eles. só para citar exemplos recentes.
cazuza é daquele artista que dificulta qualquer lista de "músicas essenciais". como legião urbana, cássia eller ou dulce quental, todos ou quase todos os seus discos devem ser ouvidos por inteiro. talvez o póstumo "por aí", com sobras de um já conturbado "burguesia", seja o último da lista de cazuza, mas nunca dispensável.
alguns discos gravados em sua breve cena por aqui:
"cazuza", também batizado de "exagerado" por causa de sua canção-síntese que se tornou o sobrenome de seu autor. é o primeiro pós-barão vermelho e justifica a carreira solo, mesmo que a parceria com frejat permaneça - ainda bem, caso contrário "só as mães são felizes" não existiria. e há também "mal nenhum", "medieval II" e "balada de um vagabundo";
“só se for a 2”, o segundo disco solo, com as belas e apaixonadas “ritual”, “quarta-feira” e “solidão que nada”; e as furiosas “heavy love” e “lobo mau da ucrânia”. e há o poeta que dança a tristeza em “completamente blue”;
“ideologia”, onde um cazuza ainda mais ácido canta que viu a cara viva da morte em “boas novas”. além da faixa-título, obviamente, estão lá também as ótimas “a orelha de eurídice”, “vida fácil”, “obrigado (por ter se mandado), “blues da piedade” e "brasil", que ao lado de "que país é este", da legião, e "diário de um detento", dos racionais, é o tema contemporâneo e atemporal desta "grande pátria desimportante". mas todas as dores são confortadas com "faz parte do meu show".
“o tempo não pára”: disco ao vivo com a faixa-título e seu museu de grandes novidades. ainda tem “vida, louca vida”, de lobão e bernardo vilhena, que parece ter sido feita para cazuza;
“o poeta está vivo”, lançado em 2006 com o registro de show feito em 1987, no teatro ipanema, no rio, para divulgar “só se for a 2”. o título do disco (o mesmo da música de frejat e dulce quental feita anos depois em homenagem a cazuza e gravada pelo barão de frejat) cabe neste cd póstumo, pois cazuza está em plena forma, gritando tudo o que pode. tem uma ótima versão para "ritual";
"burguesia", lançado como vinil duplo, registra o esforço do artista para se manter vivo e cantando. não é um grande disco como os anteriores e a voz potente de cazuza já está fraca, mas como não se render a "mulher sem razão", "manhatã", "quando eu estiver cantando" e "cobaias de deus" (parceria com angela rô rô)?
“maior abandonado”, terceiro do barão vermelho, marca a saída de cazuza, mas nos deixa a faixa-título, “milagres”, “dolorosa”, “não amo ninguém” e o mega-sucesso “bete balanço”;
“barão vermelho 2” tem “largado no mundo", "carente profissional", "vem comigo" e "pro dia nascer feliz". e, claro, "blues do iniciante";
"barão vermelho", compacto simples de 1984 (para quem tem menos de 30, era um single com duas faixas, só que uma em cada lado). no lado a, bete balanço; no b, uma das melhores músicas de toda a carreira do barão, a quase desconhecida "amor, amor";
e totalmente essencial:
“barão vermelho”, o primeiro disco do grupo, de 1982, com “por aí”, “posando de star”, “certo dia na cidade”, “down em mim”, “bilhetinho azul” e, pra poesia que a gente não vive, a versão original de “todo amor que houver nessa vida”.
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viva cazuza.
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6 comentários:
Adorei!
O cara de fato era o máximo, Dênio. Mais uma coisa que eu admiro nele: era um roqueiro, mas entendeu que é impossível fazer rock nesse país sem conhecer a nossa riquíssima tradição musical, e fazer uma antropofagia básica. É por isso que ele ficou maior e melhor que os outros roqueirinhos da sua época.
Beijinhos, Dóris
oi, lu...
e continuamos a ouvir cazuza. que bom!
um beijo.
oi, dóris. realmente, essa mistura ele fazia como ninguém. acho que tinham outros (poucos) roqueiros bons nos anos 80, mas cazuza foi único ao colocar em seus rocks versos que poderiam estar tranqüilamente em canções de dolores duran, por exemplo. e ainda gravou cartola, nelson cavaquinho, etc.
com ele, o lance era quebrar barreiras!
bjs,
Meu grande ídolo é Cazuza, sem dúvida. Talvez o único que receba esse título aqui no meu país. Mas eu não tinha 20 e poucos ou muitos nos anos 80. Tinha 10 e poucos, se assim se pode chamar. Na verdade 11 e poucos quando ele morreu. E não é que me lembro de quando recebi a notícia de sua morte pela rádio com precisão cirúrgica?
Nem lembrava que ele fazia aniversário nesse dia. Abril é um mês cheio de datas marcantes pra mim. Aniversários de pessoas queridas e morte de outras igualmente queridas. Cazuza só podia fazer anos nesse mês mesmo...
puxa, drika, você já era fã aos 10! que bacana!
bjs,
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