3.2.09

Casa


Além da morte e da existência do Deus onipotente, ela tem outra certeza na vida:

A gente sai de casa pela manhã e nunca sabe se volta.

Ela costuma pensar que essa frase resume as duas certezas anteriores, porque o não voltar para casa seria obra da morte que, por sua vez, é decisão do Deus que tudo pode:

Eu só rezo pra uma boa alma abrir a minha bolsa e achar os números de telefone de casa, da casa do meu filho e da casa da minha filha.

Ela respira fundo e fica mais tranquila quando imagina que pode ser apenas temporário esse não retorno ao lar, que pode ter motivos mais brandos como, por exemplo, uma internação num hospital depois de um atropelamento, um infarto ou mesmo uma simples queda na rua:

Eu só rezo pra não cair desmaiada no chão; mas, se tiver de cair, meu Pai, ilumina a pessoa que me socorrer pra que ela encontre os números de telefone de casa, da casa do meu filho e da casa da minha filha.

Seja o que for, a escolha depende Dele, ela sabe e se conforma.

Graças a Deus,

Foi o que ela disse quando viu seu ônibus se aproximar. Vai cair um temporal e ela esqueceu o guarda-chuva em casa, provavelmente na cozinha, em cima do fogão.

4 comentários:

Anônimo disse...

E eu que não tenho nenhum dos teus livros, meu amigo? Como fazer para adquiri-los? Pela Livraria Cultura, via internet, é possível?
Abs
Edyr Augusto

Anônimo disse...

Meu caro Edyr, vamos resolver isso em breve. Mas, desde já, é muito bom tê-lo como leitor dos livros e do blog. Volte sempre.
Grande abraço.

Fernanda disse...

Que delícia esse texto, hein?
bjs!

Anônimo disse...

Oi, Fernanda!
Pois é, às vezes, tudo o que queremos é voltar para casa...
Bom ter vc como leitora.
Bjs,