E a dramaturgia contemporânea continua a ser discutida. Ou seriam as dramaturgias?
Além do texto teatral e o seu lugar, hoje, em um espetáculo, o encontro “As tessituras da cena”, realizado pelo Instituto de Artes da Unesp, na Barra Funda, e encerrado nesta sexta-feira, tocou em questões como processo colaborativo, a dramaturgia do ator e as dificuldades de se harmonizar os objetivos artísticos de cada um.
Organizado pelos professores Alexandre Mate e José Manuel de Ortecho , o encontro reuniu dramaturgos (como Luís Alberto de Abreu, da Fraternal Companhia de Arte e Malas-Artes e um dos nomes de referência do teatro paulista); pesquisadores (como Virgínia Namur, que pesquisa a carreira de Dercy Gonçalves e sua ligação com o teatro popular); diretores (como o veterano Luiz Carlos Moreira, do grupo Engenho Teatral); e jovens atores, como Eduardo Okamoto (que atuou e dirigiu este ano a peça “Eldorado”), Andréia Nhur, Henrique Guimarães, que integrou espetáculos da Cia. Livre e do Núcleo Bartolomeu de Depoimentos, e Leandro Paixão, membro do CPT (Centro de Pesquisa Teatral) por cinco anos. Eduardo, Henrique e Leandro atuaram no grupo de teatro Atrás do Grito, da Unesp.
Algumas das boas frases ouvidas nas mesas-redondas:
“A ‘Poética’ [de Aristóteles] continua sendo um livro fundamental, mas não é um manual; deve ser lido com os olhos do nosso tempo para, quem sabe, se estabelecer uma nova poética”.
Luís Alberto de Abreu
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“Há uma nova dramaturgia em fermentação; o dramaturgo foi trazido para o momento criativo do espetáculo e ampliou sua comunicação com os atores e com o encenador. Mas atores, encenadores e outros artistas que trabalham na construção cênica precisam também ter compreensão da construção dramatúrgica”.
José Manuel de Ortecho
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“O artista, hoje, deve recombinar as vozes de outros artistas e as necessidades de seu momento histórico. Todos têm função celular, inclusive o público – sem o público, afasta-se da experiência humana e perde-se o sentido do que foi feito”.
Luís Alberto de Abreu
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“O conceito tradicional de dramaturgia não abarca a totalidade das experiências que vêm sendo desenvolvidas. Mas o assunto é polêmico, pois estamos condicionados a entender dramaturgia como um discurso pronto de um autor. Hoje é possível expandir esse conceito, que não diz respeito somente ao texto”.
Alexandre Mate
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“Deve-se fazer experiências de uma nova dramaturgia e uma nova cena. Mas deve-se encontrar um meio termo da divisão de tarefas”
Luiz Carlos Moreira
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“No meu grupo (Cia. Artehúmus de Teatro), os atores podem reelaborar o texto escrito, alterar falas ou excluir cenas inteiras. Mas há muita dificuldade neste processo. Eles modificam bastante...”.
Evill Rebouças, dramaturgo, encenador e autor do livro “A dramaturgia e a encenação no espaço não convencional”
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“A dramaturgia do ator se completa na recepção do espectador, que atribui um sentido ao que é feito”.
Eduardo Okamoto
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2 comentários:
parabens pelo blog denio
gostei das suas observações
estamos agora finalizando os textos pra revista do Mate da Unesp
ainda ha muito a ser discutido sobre a dramaturgia do ator
valeu
henrique guimaraes
Bacana, Henrique. Valeu a visita. Dê notícias sobre a revista.
Um abraço.
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