21.1.08
o gato não matou o inseto
o gato não matou o inseto. apenas o fez entender, com breves patadas, que alguém mandava ali. depois, o gato subitamente parou. e viu o inseto tontear e logo recuperar-se; e viu o inseto afastar-se e caminhar para baixo do armário da cozinha; e o gato consentiu. e quando o inseto sumiu na escuridão do pequeno espaço entre o armário e o chão, o gato lançou-se, então, à sua procura, com olhos que enxergam no escuro e patas que vasculham o mundo. o inseto voltou à luz da cozinha com um safanão e o gato, mais uma vez, não o matou. e parou. e viu o inseto tontear e caminhar e sumir para sempre na escuridão do espaço entre o armário da pia e o chão. e o gato lançou-se, então, à procura inútil daquele ingrato que não ficou para brincar.
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4 comentários:
Passei, li, adorei.
Saudades.
Beijos
que bom, ci. é bom ter vc como leitora.
saudades também.
um beijo.
já fiz papel de inseto, já fiz papel de gato, no ensaio deste grande teatro.
PP
Ele é assim mesmo, o muso do texto.
Bjs, Lu
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